Caboclo Araribóia

 

 

 

Homenagem ao Caboclo Araribóia

 

Araribóia ou Ararigbóia ( em tupi, ” Cobra Feroz” ou ” Cobra da Tempestade” ) foi cacique da tribo dos Temiminós, do grupo indígena Tupi, em meados do século XVI. O seu domínio era a ilha de Paranapuã ( Hoje Ilha do Governador), na baía de Guanabara, no litoral do Brasil.

Araribóia era cacique dos temininós quando os franceses, com o apoio dos Tamoios, tomaram o controle da Guanabara, na então Capitania do Rio de Janeiro, em 1555. Tendo perdido as suas terras, o cacique e sua tribo então seguiram para a então capitania do Espirito Santo, onde reorganizaram a sua aldeia e expulsaram alguns holandeses.

Quando a Coroa de Portugal enviou ao brasil o seu terceiro Governador-Geral, Mem de Sá, com um contingente de soldados bem armados pra retomar a Guanabara aos franceses, os portugueses estabeleceram uma aliança com Araribóia, conseguindo desse modo reforçar os seus efetivos em cerca de 8 mil homens, indígenas conhecedores do território e inimigos dos Tamoios. A esquadra francesa se instalara na Guanabara em 1556, ocupando uma ilha e ali erguendo um forte. Para se contrapor as forças portuguesas, o comandante dos invasores, Nicolau Durando de Villegainon, firmou uma aliança com os índios Tamoios, cerca de 70 mil homens naquela faixa do litoral. O acordo permitiu que as forças enviadas de Salvador por Mem de Sá, governador-geral do Brasil, fossem rechaçadas. Com a unidade Estácio de Sá correndo perigo, Mem de Sá mandou vir do reino seu sobrinho Estácio de Sá e o incumbiu de adotar a mesma estratégia dos franceses: arregimentar apoio indígena.

O confronto mais violento ocorreu em Uruçumirim, onde os invasores estavam aquartelados. Galgandos penhascos, Araribóia foi o primeiro a entrar no baluarte inimigo. Empunhava uma tocha, com o qual explodiu o paiol de pólvora e abriu caminho para o ataque. Durante a luta, uma flecha envenenada raspou o rosto de Estácio de Sá, que morreu posteriormente, vítima de infecção. O ataque derradeiro seguiu-se em uma matança noturna. O vitorioso Araribóia amanheceu banhando de sangue francês e tamoio. Em episódio com contorno de lenda, teria atravessado as águas da baía a nado para liberar o assalto ao Forte Coligny. O fato é que, com seu apoio, a operação portuguesa contra os franceses foi coroada de sucesso, tendo os portugueses recuperado o controle sobre a baía de Guanabara, fundando mais tarde a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Após a derrota dos Tamoios, como recompensa pelos seus feitos, Araribóia recebeu da Coroa Portuguesa a sesmaria de Niterói ( em lingua tupi, ” Águas Escondidas”). Converteu-se ao cristianismo e adotou o nome de Martim Afonso, em homenagem a Martim Afonso Souza.

Terminou os seus dias de conflitos com o novo Governador- Geral da Repartição Sul do Estado do Brasil ( com sede no Rio de Janeiro), o Dr. Antônio de Salema (1575-1577). Na cerimônia oficial de posse, tendo Araribóia se deslocado de Niterói até o Rio de Janeiro, sentou-se á moda indígena ( com o tronco sobre as pernas cruzadas). O fato veio a desagradar o Governador, que o repreendeu, Araribóia rebateu tal repreensão retrucando:
” Minhas pernas estão cansadas de tanto lutar pelo seu Rei, por isso eu as cruzo ao sentar-me, se assim o incomodo, não virei mais aqui! “

O idoso cacique voltou para sesmaria de Niterói não mais tendo retornado ao Rio de Janeiro. Por incrível que pareça segundo informa o “Dicionário de curiosidades do Rio de Janeiro”, morreu afogado nas proximidades da ilha de Mocanguê- mirim, ainda em 1574.

É considerado o fundador da cidade de Niterói, e uma estátua sua pode ser vista no centro da cidade, fronteira a estação das barcas, com os olhos voltados para a baía de Guanabara e a cidade de Niterói sob sua proteção.