Leitor amigo, nesta edição inaugural de nosso site informativo onde ainda comemoramos os 75 anos da nossa Tenda dos Humildes de Isabel à Redentora, destaco uma mensagem psicografada pela nossa querida e saudosa Mãe Guiomar, recebida pela ialorixá Leila D’Ogum em 13 de Maio de 2.007, onde ela relata a história de como surgiu os fenômenos mediúnicos em sua vida espiritual, que mais tarde veio conduzi-la a ser a primeira dirigente espiritual da nossa Tenda.
“Mamãe, hoje é dia de ladainha!
– Dizia eu a minha mãe. Tinha então 15 anos e já feliz corria à Casa de Deus. Queria ser eu a primeira a chegar.
O padre, muito austero fazia o sermão baseado no evangelho de Jesus, dizendo:
– Meus filhos, a morte os levará a direita do pai e lá estarão em contato com santos e anjos, mas se for partir em pecado irão para o inferno e de lá não sairão mais.
A essa altura não controlei mais e possuída, subi no banco da igreja e questionei as palavras convictas do sacerdote nas quais todos acreditavam. O pároco vendo a aflição de minha mãe, cuja filha estava desrespeitando a igreja, puxou-me pela saia fazendo-me sentar, com cara feia, mas nem assim deixei de falar.
Durante todo o sermão, após o ato da missa o padre que tinha em minha mãe muita confiança, pois era ela quem lhe fazia a comida e lavava suas roupas, e pediu que me levasse ao médico, pois havia um grande desequilíbrio mental em mim e, era preciso cuidar.
Essa foi a primeira manifestação mediúnica que tive.
Após alguns dias caí doente e tremores me assolaram o corpo, tremores e coisas desconexas saíam de minha boca.
Meu tio então sugeriu que me levasse ao centro espírita, o que minha mãe, negou veementemente, dizendo ser uma heresia e que filha de Maria jamais poderá ter esse pecado.
Os dias se passaram, e eu não tinha melhora.
Saindo de Paracambi e vindo para o Rio em busca de auxílio médico, fui parar a contra gosto num centro espírita que meu tio frequentava. Quando percebi que ali estava, o que era a contra a lei de Deus, recusei-me a sair do automóvel em que me encontrava, porém como nada havia mudado em meu estado, tive que voltar àquele lugar horrível, o centro espírita. Com muito medo desci do carro e ao colocar os pés naquele recinto tive a manifestação dos guias que ali se apresentando disseram sobre a missão que vim cumprir na terra.
O desenvolvimento foi rápido, tomando a frente o Caboclo das Ondas do mar, ou seja, Caaoby nosso mentor espiritual. Muitos amigos e pessoas necessitadas me procuravam e às vezes a altas horas da noite, aflitas em busca de lenitivo as suas dores e uma palavra dos Guias, que entre tantas que vinham a Vovó Maria Juvência Catarina do Congo.
Reuníamos então no porão do 95 da Rua Victor Meireles, para as primeiras sessões, eu, João, vovozinha, Barcelos, Jupira, Eurídice, Virgílio e outras.
Surgia assim, em 13 de maio de 1938, a Tenda dos Humildes de Isabel a Redentora. Sugerido por João, esse nome em louvor aos negros que nessa data foram libertados, o que todos os espíritas também almejam libertar almas de tudo que seja maléfico.
A Casa de Caaoby aí está cada vez com mais luz, mais força para auxílio aos necessitados. Nós os fundadores agradecemos a todos que durante esse trajeto nos auxiliaram, como José Saroldi, Bernardino, Adalgisa e tantos outros. O meu “Cabeça de tuia”, Lorena, Valter e Alice Vila.
Hoje vejo a continuidade desse trabalho em tempos outros, mas empenhados em conservar o Axé e elevar um nome que jamais deverá ser esquecido e que Caaoby, Iara, Vovó Conga, Isaac, Chico Preto, Nangola, Vira Mundo, Nadjadara, Arranca Toco, Caboclo Carijó, Serra Negra, Tibiriça e Araribóia a representam – Tenda dos Humildes de Isabel a Redentora
Uma Tenda em que a religião brasileira se faz presente.
A Umbanda!”
Liane Menezes
Presidente da THIR